Pupilo de brasileiro, espanhol que recusou Nadal e fez história no profissional disputa a 35ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre
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Poucos ou quase ninguém conhece o brasileiro Cristiano Pinto. Boleiro quando criança, fez cursos, virou treinador, trabalhou com o habilidoso brasileiro Pedro Braga, depois em Portugal. Há nove anos se mudou para a Espanha e desenvolve trabalho de formação com talentos locais na pequena e fria cidade de Burgos. Alguns desses nomes já despontam para o cenário internacional como Nicolas Alvarez Varona, de 16 anos, que disputa a 35ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre, também conhecida como Copa Gerdau - Itaú, que tem o apoio da Lei de Incentivo ao Esporte – Ministério do Esporte – Governo Federal do Brasil. O evento é um dos nove maiores do mundo e o maior da América do Sul.
Nicolas entrou para a história do tênis mundial em 2016 ao se tornar o mais jovem a ganhar seu 1º ponto no circuito com 14 anos e três meses, superando o recorde anterior do canadense Felix Aliassime que tinha conquistado tal feito com três meses mais. Hoje a jovem promessa espanhola tem sete pontos no ranking profissional com uma semifinal de future no currÃculo e vem neste ano mesclando com eventos juvenis com o objetivo também de disputar grandes eventos como o Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre e os Grand Slams.
O jovem obteve tal façanha no profissional pouco depois de conquistar o Campeonato Espanhol de 14 anos e fazer semifinal do Le Petit As, um dos maiores eventos do mundo Sub 14 jogado na França: “Quis ver se o Nicolas poderia encarar um nÃvel profissional, ver a realidade do tênis o levando para um future em Oviedo. Chegando lá o presidente da Federação nos deu o convite para jogar a chave, fiquei meio receio pois a ideia era jogar o quali. Ele foi e ganhou o jogo, entrou pra história, saiu no mundo inteiro as notÃcias . No dia seguinte perdeu, voltamos pra casa e levei ele pra pintar a quadra por duas horas”, destaca o técnico Cristiano que antes de montar sua pequena academia de duas quadras de piso duro na pequena cidade, viveu por seis anos em Portugal trabalhando com talentos locais em Lisboa e Évora.
A partir do momento que Nicolas fez história no tênis o jogador passou a ter diferentes olhos recebendo contratos da Nike e da Babolat e tanto ele como os principais atletas da academia passaram a receber o apoio de Alex Corretja e seu irmão como managers e com suporte técnico. Cristiano conta que Nicolas, que também foi campeão de 16 anos da Espanha, teve tudo para treinar em outro local, mas recusou para seguir com o brasileiro. Recebeu propostas do Centro de Alto Rendimento de Barcelona de onde saiu o ex-top 5 Tommy Robredo e passou Pablo Carreño, recém top 10 mundial, e também da academia de Rafael Nadal.
“A partir do momento que você começa a fazer coisas grandes, desperta o interesse em pessoas grandes. Quando fizeram a academia do Nadal (em Manacor, na Espanha), o Carlos Costa empresário dele me ligou chamando ele para vir treinar na academia, ele me falou que se eu achasse que não seria bom para o Nicolas eu desligaria o telefone e essa conversa nunca existiria, então respondi que não. Não era o pai do Nicolas. Daà o Carlos ligou e o menino não quis ir”, conta o mineiro lembrando que Nicolas recebeu proposta para treinar na academia de Patrick Mouratoglou, técnico de Serena Williams.
O próprio Nicolas lembra do motivo pelo qual recusou estar na academia de Nadal ou qualquer outra: “Não precisa das melhores instalações e investimentos para ser um grande tenista. Podemos ver os exemplos de Nadal, que saiu de um clube pequeno, e Federer, todos grandes personagens saÃram de clubes pequenos. Também enxergo que Burgos, minha cidade, tem as instalações necessárias para me tornar um grande atletaâ€, destaca Alvarez que tinha o sonho de conhecer o Brasil muito por conta de sua parceria com o técnico brasileiro.
“Quera vir ao Brasil porque meu treinador sempre falava muito daqui. Comentava sobre o paÃs e sempre me criou o desejo de vir. Então viemos para cá, na semana passada não fomos muito bem, mas nesta semana espero atuar melhorâ€, aponta o menino que tem até uma ligação maior com Gustavo Kuerten do que os próprios Ãdolos locais. Cristiano já realizou pré-temporada com Kuerten quando o catarinense era o número 1 do mundo e quando ele treinava Pedro Braga. Alvarez inclusive está lendo o livro de Guga atualmente.
“Sou espanhol e logicamente tenho Nadal como o melhor tenista para mim. No entanto, como trabalho com Cristiano e escuto muitas histórias dele tenho Guga também como um Ãdolo por tudo que fez e faz na sua carreira”, aponta.
O técnico brasileiro gosta de dar um choque de realidade no garoto para deixar as badalações de lado. Após a conquista do primeiro ponto profissional o levou para pintar a quadra da academia onde treinam e em seguida jogar futures na Argélia o qual classifica como “muito ruins”. Antes de disputar o torneio Banana Bowl e a 35ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre o levou para Belo Horizonte para conhecer suas raÃzes onde começou como boleiro e tinha poucos recursos para se tornar um tenista.
“Eu sempre tento preservar e fazer com que os meninos não se sintam especiais. Tudo é muito bom, mas não é nada. Existem duas coisas no tênis, o primeiro é viver do tênis que é ser 60, 70 do mundo e fazer história que é o caso de Federer, Nadal, Djokovic. Todo esse glamour do tênis juvenil, contrato, todo mundo falando que você é bom, Federação indo atrás de você, eu sempre tento manter os meninos com os pés no chão, quando o Nicolas fez o ponto eu levei ele mais pra ver a realidade, levei ele pra jogar future na Argélia, tudo horrÃvel, quadra, bola, tudo ruim. Ele viu o que é ser tenista de verdade.”
E o espanhol tem ciência que a vida no tênis não é fácil e, com os pés no chão, quer atingir pouco a pouco seus objetivos: “Logicamente que eu um dos objetivos é chegar entre os melhores do mundo, porém sei que tenho de atingir isto pouco a pouco. Primeiro ser o melhor no mundial juniors para depois ir atingindo os outros objetivosâ€.
Filha de ex-jogador do São Paulo, LDU e seleção equatoriana fura o qualifyng. Duas brasileiras passam a fase prévia – Mell Reasco, de 15 anos, passou a chave qualificatória em um domingo com muito sol na capital gaúcha. A filha de Neicer Reasco, que atuou por duas temporadas no São Paulo Futebol Clube e foi bicampeão Brasileiro em 2006 e 2007, disputou a Copa do Mundo de 2006 e foi campeão da Copa Sul-Americana de 2010 e Recopa Sul-Americana de 2009 e 2010 pela LDU, marcou um duplo 6/1 sobre a carioca Camilla Fonseca: “Estou muito feliz por ter passado o quali e ter a oportunidade de jogar a chave principal desse evento importante, um Grau A, fiz uma boa partida. Aqui todas as meninas jogam bem, a chave está muito dura e só espero dar o meu melhor para tentar avançar na chave”, apontou a jogadora que disputa a chave de um evento Grau A pela segunda vez – jogou no México no fim do ano passado.
Duas brasileiras passaram a fase qualificatória: Isabella Bifano e Priscilla Janikian. As demais foram estrangeiras. Além de Reasco, a americana Charlotte Owensby, a portuguesa Rebecca Silva, a russa Anfisa Danilchenko, a britânica Mila Burek e a romena Iulia Bianca Ilinca.
A 35ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre, também conhecida como Copa Gerdau - Itaú, tem o recorde de 59 paÃses inscritos e conta com a participação de quatro jogadores do top 10 mundial, três no masculino e uma no feminino.
O torneio tem a presença de jogadores da Ãfrica do Sul, Alemanha, Argélia, Argentina, Austrália, Bélgica, Bielorússia, Bulgária, Brasil, Canadá, Cazaquistão, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Croácia, Dinamarca, Equador, Egito, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, França, Geórgia, Grã-Bretanha, Grécia, Guatemala, Indonésia, Ãndia, Irlanda, Israel, Itália, Holanda, Hungria, Japão, Letônia, Malásia, México, Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Rep. Dominicana, Rep. Tcheca, Romênia, Rússia, Sérvia, Suécia, SuÃça, Tailândia, Turcomenistão, Turquia, TunÃsia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela.
São cerca de 1 mil atletas na disputa de todas as categorias do evento. A entrada é gratuita nos dois clubes da disputa.
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